Chama-se Sea Hero Quest e é uma APP que pode ser descarregada e jogada gratuita e anonimamente por qualquer um de nós durante dois minutos. Em seis meses, os dados recolhidos dos primeiros 2,5 milhões de utilizadores desta aplicação constituem a maior pesquisa em demência jamais feita. E já há conclusões interessantes.
Sabia que a cada três minutos um novo caso de demência é diagnosticado em todo o mundo? Enquanto não se descobre um modo de abrandar estas doenças ou mesmo curá-las, há que trabalhar para que sejam detetadas o quanto antes. E foi isso mesmo que fizeram cientistas da University College London, da University of East Anglia, da fundação Alzheimer’s Research e os programadores da Glitchers. Lançaram mãos à obra e criaram um jogo que diverte e, ao mesmo tempo, os dados recolhidos geram validade científica.
E em que consiste este jogo? Pois bem, o Sea Hero Quest propõe três tipos de tarefas ao utilizador: explorar labirintos; lançar foguetes, pondo à prova o sentido de orientação do jogador e, por último, tem de se perseguir e tirar fotografias a animais – uma aventura!
E porquê estes desafios? Porque está provado que 60 a 70% das pessoas com demência sofrem da doença de Alzheimer. Ora esta doença afeta precisamente a parte do cérebro relacionada com o processamento do que se vê e da orientação espacial.
Depois desta breve navegação anónima, onde o utilizador poderá informar a idade, o sexo e o país onde vive, os dados são recolhidos e enviados para uma base científica. Estes dois minutos de jogo geram a mesma quantidade de informação que um cientista em laboratório demoraria 5 horas a recolher. O mesmo é dizer: esta pesquisa é 150 vezes mais rápida que o método laboratorial.
Ao fim de seis meses de recolha de dados, e já em novembro de 2016, na conferência Neuroscience 2016, que decorreu em San Diego, os investigadores envolvidos nesta pesquisa já puderam adiantar algumas conclusões. Primeiro, que a partir dos 19 anos, mal terminada a adolescência, o nosso reconhecimento espacial piora de ano para ano; os homens obtiveram melhores resultados que as mulheres, avança-se como explicação o facto de eles praticarem diferentes jogos desde muito cedo ou o serem melhores navegadores; os participantes dos países nórdicos como a Dinamarca ou a Finlândia obtiveram resultados muito mais positivos que os jogadores de outras regiões – não foi adiantada qualquer justificação até ao momento.
Os cientistas envolvidos neste estudo planeiam no próximo verão vir a testar este jogo em ensaios clínicos para direcionar pacientes com demência.
E pensarmos nós que este estudo mais não é do que um desafio, onde o jogador veste a pele de um navegador que anda pelos mares a recuperar as memórias perdidas do pai, um velho marinheiro.
Ficou curioso e quer jogar? Seja feita a sua vontade, siga este site: www.seaheroquest.com/pt