A revista científica Lancet acaba de fazer eco de um estudo elaborado por cientistas do London Imperial College onde se conclui que a esperança média de vida vai continuar a aumentar em muitos países desenvolvidos, Portugal incluído. E na Coreia do Sul, em 2030 as mulheres vão mesmo à nascença ter a expectativa de viver, em média, pelo menos até os 90 anos.
Para este trabalho, a equipa liderada por Majid Ezzati estudou dados de 35 países e, no geral, assiste-se a uma subida da expectativa de anos de vida à nascença. Os cidadãos da Coreia do Sul lideram este ranking da longevidade e por diferentes razões, segundo o coordenador deste estudo: praticam uma boa nutrição na infância; têm uma tensão arterial baixa; é fácil o acesso aos cuidados de saúde; aplicam novos conhecimentos e novas tecnologias médicas e há pouca prevalência de fumadores.
Sobre os portugueses, também há boas notícias. Hoje, um português vive cerca de 77 anos de vida e uma portuguesa, em média, sopra as 83 velas – basta consultar os dados do Instituto Nacional de Estatística; os nascidos em 2030 vão viver em média mais 4,4 anos.
Das europeias a nascer em 2030, as portuguesas (87,5 anos) integram o top 5 das que podem esperar viver mais tempo. No cimo desta tabela estão as francesas (88,6 anos), seguidas das espanholas (88,1 anos) e das suíças (87,7 anos). No último lugar deste grupo estão as eslovenas (87,4 anos).
No entanto, há países onde a expectativa média de vida à nascença pode manter-se ou mesmo diminuir. São eles: a Macedónia, a Bulgária, o Japão e os Estados Unidos. Neste último caso, Ezzati aponta as principais razões: a falta acesso universal aos cuidados de saúde; as altas taxas de mortalidade infantil e materna; a alta taxa de homicídios e um elevado registo de casos de obesidade.
Este trabalho confirma também alguns dados que já se vêm verificando: a mortalidade nos homens acontece por norma mais cedo devido a diferentes fatores: hábitos de vida menos saudáveis, fumam e bebem mais, são em maior número vítimas de homicídios e de acidentes no trânsito. Mas estas diferenças em relação às mulheres pode estar a esbater-se, dado o estilo de vida de ambos os sexos estar também a aproximar-se.
Os autores deste estudo não têm dúvidas: os resultados agora conhecidos vão ter fortes implicações em vários setores da vida de cada país. Da saúde, à assistência social, passando pelas políticas de apoio ao envelhecimento ativo.
Ezzati vai mesmo mais longe e afirma ao site da London Imperial College: “O facto de continuarmos a viver mais tempo significa que temos de reforçar os sistemas de saúde e de segurança social que sustentam esta população mais idosa e com múltiplas necessidades de saúde. Isto é o oposto do que tem sido feito nestes tempos de austeridade.
É preciso acertar o passo das políticas sociais com a maior expectativa de vida dos cidadãos.